Não é segredo para ninguém que o Brasil mantém uma posição muito cautelosa em relação as negociações em serviços. Mistério é saber se isso é uma posição tática ou de essência. Se for “de essência”, há pouco o que fazer: vamos manter essa posição e esperar os resultados. Se for “tática”, o risco é que estejamos perdendo o prazo e começando a correr riscos em não qualificarmos melhor nossas propostas para as negociações da Alca.
Supondo que a resistência brasileira em relação às negociações de serviços tenha caráter tático, os riscos devem ser avaliados a partir de duas ordens, ambas apresentadas nesta edição do Inside. A primeira tem a ver com a corrida bilateralista encampada pelos EUA (ver Painel Temático) e seus consequentes efeitos de desvios de comércio e investimentos para o Brasil. A segunda relaciona-se à dinâmica propriamente de mercado, mas que passou a ter vínculo direto com as negociações internacionais via corrida presidencial nos EUA, como mostra Ricardo Camargo Mendes em seu artigo sobre offshoring.
Independentemente das justificativas do não posicionamento do governo em relação ao tema, dos resultados práticos. já temos que a participação do país em um dos setores mais dinâmicos do comércio internacional, que é o de serviços, é apenas marginal. Ainda há tempo de reverter o quadro. Mas, ao contrário do que dizia o nosso governo anterior, não somos os “senhores do tempo” e 2005, que parecia distante, enfim, está aí.